A realidade por trás de um pano branco

Seu jogo de sombras

There is no reason why, but there it goes. Nobody here. I get home always at the same time. I never real want to leave. I never real want to leave you. You come in. You don’t knock. You don’t say a word. But I can hear you. I can hear the keys being dropped on the table and another funny sound which I know to be you taking your shoes off. You don’t laugh so easy. People might think you are always happy because you walk around with a tiny smile on your face. But you are not smiling. You are sad. You are sad. The door closes behind you. I wish you would call my name, even though if just for mistake, because I am not here. I can see you though. Repeatedly. Coming in over and over again. Now you are sitting by the kitchen table. You resignify things. Read in the kitchen. Cook at the balcony. Shower at the garden. Cry in the office. Love at my absence.

Constantemente me pedindo para parar. Nadando na fonte de desejos. Com moedas nos olhos esperando meu barco. Pouco tempo para uma pausa. Faça-me um favor, cancele a minha conta. A alma como ativo circulante. Tudo por um dinheiro no caixa. Ninguém pode parar e olhar nos olhos, você só colide e continua a flutuar. Beber, comer, andar. Um, um, dois, três, cinco. Sua voz se repete sem fim. Você poderia me eletrificar. Você poderia me ligar. Aparelhos eletrônicos fora de lugar. Eu tento matar cada livro em um susto. Andando pelo quarto de outro lado para outro lado. Nunca mais se perder no meu obscuro com olhos de lua. Nunca mais estar perdido. Sempre saber onde estar. Nunca saber onde chegar. Talvez me convidem para jantar. Eu estou bem. E talvez você pegue a minha ideia, mas como não pensar? Todo mundo surdo. O sistema está sempre errado. Temos um sistema errado de pessoas de bom coração. Um sistema errado de pessoas de bom coração. O sistema sempre errado. Eu ando pela rua e vejo vítimas. Vítimas de sistema. Vitimas de si. Eu tudo posso naquele que me permite. Quem tirou a culpa dos homens na terra? Quem tirou a nossa perfeição? Modificar o mundo. Destruir tudo. Errando pelo espaço nessa nave Terra. Eu vejo você de novo. Diga algo que possa me animar. Me deixe dizer o que eu quero ouvir falar. Aparelhos eletrônicos fora de lugar.

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O tempo do eclipse. Eu estou perdido entre as nuvens em um voo que não poderá terminar. Buracos de minhocas. Gritos de mulheres e crianças. Eu estou em um buraco na sua cabeça, um espaço em branco na sua lembrança. Estou nas fotos de sua infância. E você está perdido no azul sem limites. Perdido entre asfalto e edifício. Eu tento ser seu melhor amigo. Mas você está tão rápido. Um pouco mais de som. Eu tenho o mal do espaço. Vou desligar. Você me entende. Talvez no fundo do mar, ou em uma foto de um satélite, em outro planeta. Eu vejo seus braços, mas não vejo você. Não vá em direção ao escuro de onde eu não possa te ver. Não me fale de seu passado. Não me interprete errado. Não se preocupe tanto com o tempo estando perdido no espaço. Segure a respiração. Amorteça o impacto. Nem sempre quem está perdido quer ser encontrado. Por quanto mais tempo poderemos ficar perdidos no espaço?

A noite se desfaz em moedas de 25 centavos. O olhar meticuloso de um senhor de idade. Não se faz castelos de areia. Cada passo é a representação desses anos. Batalhas perdidas. Se a maioria de suas lembranças não fossem de dias chuvosos. Era certo que era dos dias de chuva que ele gostava mais. O silêncio estrondoso das gotas atingindo o solo. A velocidade a que chegavam na queda. O peso de cada orvalho intensificado pelos dias. As festas na casa grande. O sitio ficava cheio. Pernas e mais pernas dançavam pelo salão fazendo sombra sobre a sua insignificante presença. As mulheres rindo. Eram extasiantes as luzes coloridas e as taças de cristal brilhante. Mas jamais viveu ou viveria qualquer uma dessas cosias. Eram fruto apenas de sua mente decrépita que inventava memórias de uma outra vida, qualquer vida, menos a sua. Chegava aos 75 centavos quando se distraia e tinha que recomeçar a conta. Patético. Na escola mal podia se concentrar na aula. “Relapso”, diziam os professores, “o seu filho não consegue acompanhar o assunto, ele vai ter que repetir o ano”. Paredes celulares. Sempre pensava como deveria ser frustrante repetir o ano. Todos estariam mais velhos e num ano seguinte. E se o espaço também for relativo, então estaria vivendo sozinho no mesmo ano, enquanto todos teriam se mudado para um ano diferente. Dizia que devido a isso já não poderia mais afirmar com certeza quantos anos tinha, mas isso nunca aconteceu. Era a sua cabeça já fraca que simulava realidades passadas. 75 centavos e a chuva na janela. O armário grande da sala. Quando tinha seus 11 anos de idade, era ali que se escondia, em meio as toalhas e panos de prato, vendo as pessoas que circulavam pela casa através das fresta das portas. Mas agora já não cabia mais no armário, embora vigorassem os mesmos desejos que o faziam se esconder ali quando criança. Mas agora tinha 75. E tudo isso jamais havia acontecido. ”A doença lhe afetou o cérebro”, ouvia o médico dizer, “tudo bem senhora, nunca foi um menino brilhante mesmo, não serviria lá para muita coisa. Talvez ainda possa se casar e manter as obrigações de um matrimônio, não está tão mal assim.” A mãe desabava em choro. Os anos passavam rapidamente e suas lembranças eram todas mentiras. Mesmo essa. Chegou à conclusão de que só tinha aqueles malditos 75 centavos mesmo. Já havia contado umas cinco vezes enquanto, sentado a mesa, rememorava seus tempos de menino. Seria verdade se sua mente estúpida não inventasse memórias absurdas.

A vida pulsa na televisão. Quem é você? Por que veio de tão longe. O caminho é meu. Eu fiz essas palavras e me disfarço de uma imagem sua que eu vejo no espelho. Elis corre livremente pelas avenidas de quartos e salas, cozinhas e banheiros. O rastro dela fica como um facho de luz pelo caminho. Ela rouba a vida de uma das flores e espalha seu pólen pelas diversas partes do quintal. O cheiro de flores pela manhã lhe é encantador. Ela pega a sua câmera. O sol é o mesmo que nos anos passados e ela quer uma foto de cima do muro. As pernas de Elis em cima do muro. Ela poderia saltar desde aí e cair em pé na grama verde que demora de crescer pra perto do muro deixando aqueles espaços de terra escura à vista. Mas ela mergulha no ar. A música toca. E ela está imersa no ar, os braços estirados, ela segura a respiração. Dava uma boa foto, de fato. Então ela repete tudo outra vez, mas agora com a câmera preparada. Ela caminha pela grama verde com os espaços de terra -como já havia explicado antes- e olha para trás por cima do ombro, como de fato deveria ocorrer, mas nem sempre poderá acontecer de vê-la sorrindo. Não. Para vê-la sorrindo seria diferente. Ela estaria andando de costas para o vento que sopra seus cabelos e sorriria de frente para a foto, para o mundo. É impossível não notar quando isso acontece. Por cima do ombro tudo que se vê é um lado. Palavras no ar. Ela não precisa falar, as coisas vêm escritas no ar a sua volta. Ela tem todo o tempo do mundo, por isso corre quando chora. Ela corre e sem dizer uma palavra se transforma em um grito mudo. Ela chora. Sempre quis ser feia. Sempre achou que só quando fosse feia poderia encontrar amor. Ela nunca conseguiu. Um dia, sentada na grama verde, mas toda verde mesmo de maneira que não se via a terra, num lugar com muitas árvores, uma borboleta lhe pousou no joelho. Amarela, a cor da borboleta. Ela ficou olhando pra ela. Permaneceram assim por um tempo até que a borboleta se foi. Se lhe pousasse no cabelo teria feito um bom adereço. Que caminho é esse? Por onde vão essas trilhas? Já é o outro lado do muro. Já é o outro lado do mundo. Só se pode ver um lado. Sempre. Diferente, só se ela estiver sorrindo. Dormir perto do mar, lua, fogo. Dormir, acordar, dormir de novo. Andando. Andando. Mais devagar. Está fora de foco. A grama verde. A terra escura. Flores. Uma borboleta. Eu já estive aqui antes. Se estiver sorrindo posso ver tudo.

Um dia desses as coisas serão melhores. Eu me dirijo do banheiro pro quarto, do quarto pra cozinha sem passar pela sala. Eu deixo a janela aberta, mas nunca saio se faz sol. Fico só observando as pessoas fugindo. Do alto você tem a cidade quase como um laboratório. De dentro você tem a cidade como um labirinto de onde você tem que fugir. Dirijo por horas a fio tentando deixar algo para traz. Não adianta mudar de lugar e continuar levando a si mesmo. Ainda vejo borboletas. Pode ser uma obsessão. Talvez, horas antes do mundo acabar, estarão mortas as borboletas, e as pessoas vão pensar que chovem pétalas, definitivamente será num dia de sol e as páginas do Instagram estarão lotadas de fotos amareladas e velhas, tiradas contra a luz, mas deixemos esses detalhes sobre o fim do mundo para outra oportunidade. Tenho muitas espaçonaves em minha cabeça. Muitos deuses para um mundo. Muito sentimento para um ser humano. Por quanto tempo poderei segurar a respiração? Eu paro em minha varanda e vejo as coisas vindo em minha direção, lentamente. O tempo passa bem devagar. Nunca o senti dessa maneira. É como se eu tivesse o grande privilégio do tempo ser meu amigo e ter parado por um tempo para que eu pudesse pensar. Mas isso me incomoda. Prefiro quando o tempo passa rápido, e o vento sopra na cara fazendo o barulho do mar. Não sei o que fazer com tanto tempo. Então fico no meu quarto. Suas palavras me mordem. Eu tenho sido peso para papel. Prendo idéias às paredes, as prendo na janela e na porta do armário. Às vezes não sei muito bem o que estou fazendo. Improviso. Continuo performando minha grande saída, como borboletas que voam em direção ao sol. Penso em comprar um pequeno apartamento em um outro planeta. Levarei o violão, com certeza. Tenho um passatempo dispendioso. Imagino como seriam as coisas se as coisas fossem diferentes. Às vezes me acabo na risada, às vezes fico triste. Vejo imagens de políticos incongruentes. Onde a racionalidade nos trouxe? Onde querem me levar meus sentimentos? Um dia desses as coisas serão melhores, você perguntará por mim e eu já terei ido.

Why did the water from the sea
Take my love away from me?
And left me in an empty room
Full of thought that reminds me of you

Paper, pen and something to read
Fade the pain of my barefeet
That look for you in every street
I’m calling you, why can’t you hear?

Lonely alone
My life goes wink
Lonely alone
My thoughts are clear

Maybe one day I’ll find the truth
The nature is fair enough to judge
I wasn’t good enough to you
But I insist on breaking the rules

Lonely alone
What should I do?

I grub my mind to bury you in
So there you won’t be able to leave
I close my eyes and hold my breath
I feel alone ‘cause you’re not here

But now my mouth can barely speak
My pen is running out of ink
I thought you would ask me not to leave

I desecrate the holy hills
So maybe I could have a view
Of what is going on with you
My wounded heart just love can heal

Lonely alone
I cannot breath
Lonely alone
without you here

from the book

Eu não sei o que você está fazendo, mas tenho certeza de que não vai dar certo. Procuro no escuro por desenhos.

Combina? Não. Aparenta faltar alguma coisa.

Atualmente existe uma grande demanda por felicidade, mas está fora de estoque. Ou você consegue com quem já tem, ou você não acha mais.

Paredes, paredes abstratas. São uma metáfora para a mente que não compreende o nada os muros pintados de preto e as linhas púrpuras espiraladas.

Tento dormir, quando me dou conta, estou de olhos abertos.